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Junho, o mês do amor em amplitude e forma.

O mês do amor, Junho. Dos namorados, do orgulho LGBTQIA+... analítica que soy, observo um certo convite a olhar e reconhecer, integralmente, o outro. E, especialmente, a presença desse outro perante quem eu sou. O pulo do gato se dá nessa encruzilhada: quem eu sou?


Antes de encarar a página em branco, estava lendo esse texto da Maíra. "[sobre o enorme número de pessoas no mundo] Que significância tem cada uma delas? Para os poucos que nos cercam talvez, e só talvez... dizem alguns inconformados que essa é a grande busca... na era do espetáculo, o que mais esperar? E o que eu tenho feito pelo amor alheio é que tem ocupado meus pensamentos e as últimas sessões de análise, E, que no fundo mesmo nem queria! Alguém sabe o que realmente quer ou o que a gente quer é o que nos disseram que deveríamos querer? - quanta riqueza em um trecho só!




Macro e micro e mini e super e hiper e...


Qual a significância individual perante um coletivo gigantesco e diverso? Penso em grupos que se identificam com os radicalismos e pergunto mentalmente que cenário pretendem para as outras pessoas, aquelas que consideram inadequadas? O repertório unicórnico e colorido ao que fui apresentada e cultivo por puro bom gosto apresenta o total de zero respostas viáveis. Se eu posso existir desejando políticas públicas, segurança e acesso ao básico garantido, como pode esse desejo excluir o mesmo viés para todos os tipos de pessoas que existem? A significância individual, aos meus olhos, passa fundamentalmente pela adoção de um comportamento ecológico perante o todo, e conceitos sobre a engrenagem mais perfeita que há - a natureza - acalmariam ansiedades capitalísticas mas, enfim, o sistema. Ah, o sistema, o macro, aquele que a gente pensa ser intocável mas interage, sim. Vide o histórico tenebroso do governo passado que obteve a proeza de atacar o maior número possível de pessoas, em massa, um genocídio que vamos precisar lidar, lidar, lidar e digerir. Se pode haver algo bom deste período, aprendizados sobre a importância do voto, que seja, para cada uma das próximas eleições - quem representa, "lá do alto do poder", o que diz a sua própria constituição operacional?


Colocando a lupa no chegado a chegado, na mana a mana, pombinhos apaixonades... Daqui do terço adulto da vida, nunca enxerguei tamanho leque de diálogos e portas e janelas e frestas e festas e tudo o que pode haver - havendo. Monogamia hétero com bons acordos - por que, Pai, me fizeste assim? -, tá escasso, mas tem, tem sim que eu já vi. Abrindo a porta das opções, aparecem um monte de cara hétero cheio de fragilidades. Opa, mas quando você transava "só por tesão, não tem amor", tudo bem, mas eu que não posso porque sou emocional? Como é que a gente demorou tanto tempo pra fazer perguntas tão básicas? (resposta retórica, pre-ci-so desenvolver tentáculos observacionais: exemplos, muitos exemplos, como o que a Maíra traz no texto dizendo sobre o que é querer dela e o que foi literalmente imputado / referências, gente, referências).


Fica um eita atrás de vixe. Alguns conteúdos não monogâmicos abriram meus olhos sobre a exploração feminina nas tarefas domésticas ao mesmo tempo em que expõe didaticamente situações que alguns chamam de mazelas rotineiras mas que são, de fato, abusos. A história de navegar novos mares com velhos mapas é piegas, mas é verdade esse bilhete: refrescar a cuca, aceitar e se movimentar nesse rebuliço todo.


Vou olhando e criando espaço para um dos aspectos mais interessantes sobre relacionamentos, dos que profundamente aprecio: são atos políticos (foi golpe ou impeachment?). Uma conhecida disse que cultiva sua solteirice como posicionamento, achei inteligente e chique. Confessou, ainda, que sente, sim, falta de alguém, de passear em Cunha e tomar um sorvete no Lavandário. Entendo, querida. Super entendo.


Mas que isso não nos custe saúde, tempo e outros investimentos que não fazem mais sentido algum que não o da placa de SAÍDA nessa nossa história possível, tá certo assim?


Posto, logo existo?


Se estamos na era da exposição, Maíra, me considero desperfilada, negativamente no-profile. Eu, que faço graça e chamo um monte de coisa de agora de pós pandemia, especialmente aqueles aspectos que pedem mais tempo e conexão do que o desperdiçar do tempo e hiperuso da conexão, tenho postado quase nada.


As anunciações do meu agora estão internas, intensas, numa fase consistente da batalha. Também vejo uma desimportância do que faço e me preocupo de forma palpável com o futuro - ansiedades culturais, as formais e as coletivas. Logo, do momento presente desapareço.


Retorno, releio - o seu, o meu - refaço a prosa e penso: ainda bem que tem texto! Reflexões do primeiro parágrafo pra encerrar, pesquiso e neste momento me recolho para absorver e deixar de ser pra reviver uma outra vez e mais outra. Consciência borbulhante, um chá e meu bom travesseiro tem sido as companhias que escolhi pra mim.






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